sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Não aos cortes: segurança alimentar e nutricional é prioridade


Por Eduardo Amorim - Núcleo de Comunicação do Centro Sabiá

Durante três dias, cerca de 300 representantes de diversas regiões e segmentos da sociedade pernambucana se reuniram em Gravatá para discutir, traçar metas e avaliar as políticas de segurança alimentar e nutricional no nosso Estado.  Para a presidenta do Consea-PE, Zênia Tavares (professora da UFRPE), após a Conferência Estadual, a sensação é de dever cumprido, mas “para que as ações saiam do papel os gestores tem obrigação de fazer e nós (da sociedade civil) de continuar cobrando”.


Ela ressaltou para o público que é preciso muito empenho de quem atua nesta área para que mesmo com a contenção de despesas que diversas gestões estão realizando seja garantida a manutenção de verbas para as políticas de segurança alimentar e nutricional. A fala da presidenta reverbera também nos participantes da Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, não é raro ouvir que políticas já consolidadas em alguns municípios ainda não sensibilizaram outras gestões municipais ou mesmo estaduais. É o caso dos programas PAA (de Aquisição de Alimentos aos Agricultores Familiares) e PNAE (de Alimentação Escolar).


Representante do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Afogados da Ingazeira, João Alves de Lima, ressalta o slogan da Conferência. “Comida de verdade é aquela sem transgênico, nem veneno, que vem da agricultura camponesa. E isso reforça nosso objetivo que é fazer políticas públicas como o PAA e o PNAE realmente efetivas, levando alimento de qualidade para a população, as escolas e criando alternativas de comercialização para os agricultores e agricultoras”.


Ele, no entanto, admite que ainda é muito burocrático o processo para se acessar esses programas, assim como para acessar linhas de crédito diferenciadas como os Pronaf Mulher, Jovem e Agroecologia. E ressalta a necessidade de assistência técnica permanente e suficiente no campo, pelo Governo do Estado e gestões municipais. Além de denunciar a deficiência de iniciativas como a distribuição de sementes, que “muitas vezes chegam aos agricultores do semiárido depois de já ter chovido”, diz ele, lembrando que a falta de atenção nessa questão dificulta ainda mais a situação em comunidades que sofrem com o prolongado período de secas na nossa região.


João, no entanto, afirma que a mobilização dos agricultores e agricultoras foi muito importante na sua cidade. “Afogados é hoje um dos municípios mais beneficiados pelos programas de cisternas (da Articulação no Semiárido Brasileiro – ASA). A maioria das propriedades rurais já tem sua cisterna de 16 mil litros e estamos recebendo também a segunda água (70 mil litros)”, diz, ressaltando que algumas famílias esperam receber o apoio para a produção que vêm com as cisternas do P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas) e que a continuidade das ações é fundamental as comunidades rurais da sua região.


Para ele, as tecnologias de captação de água ajudam a fixar as famílias do campo, mas além de levar elas para todos os sertanejos ainda é preciso garantir mais apoio para a produção e comercialização.  Membro do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Pernambuco, o coordenador executivo da ASA no Estado, Alexandre Pires, acredita que a Conferência reafirma um conjunto de princípios e políticas públicas voltadas para a segurança alimentar e nutricional e especialmente para a população do semiárido. Ele elogiou também a expressiva participação dos povos tradicionais. 

Além de moções para implantação do Fundo Público de Segurança Alimentar e Nutricional pelo Governo do Estado e garantia de recursos no Plano Plurianual e na Lei Orçamentária Anual, a Conferência aprovou também um pedido de revogação do Projeto de Lei 4148 (34/2015 no Senado), que isenta as empresas de rotularem os produtos transgênicos, e para manutenção (não ao corte) de recursos do programa Água para Todos, do Governo Federal.

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