terça-feira, 23 de junho de 2015

Iniciativas de combate à desertificação no semiárido nordestino recebem certificado internacional

Por Débora Britto - Comunicadora popular do Centro Sabiá

 Emanuela Castro, da Casa da Mulher do Nordeste, Paulo Pedro, do Caatinga, e Riva Almeida, do Centro Sabiá, receberam prêmio Dryland Champions. Foto: Arquivo Centro Sabiá

Inovar, criar e experimentar são características de quem tem coragem de se desafiar, de agir para transformar realidades. No último dia 17 de junho, data mundial em que se comemora e luta pelo Combate à Desertificação, organizações de defesa de direitos que fazem parte da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) receberam, em Caicó/RN, certificado internacional do prêmio Dryland Champions em reconhecimento de projetos e iniciativas de combate à desertificação no semiárido nordestino. Em Pernambuco, O Centro Sabiá, junto à Casa da Mulher do Nordeste e Caatinga, tiveram o trabalho reconhecido.


Promovido pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente(MMA), o Departamento de Combate a Desertificação, e a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, o Programa Dryland Champions é premia anualmente ações, iniciativas e projetos que facilitam, promovem e/ou implementam práticas de manejo sustentável de terras e políticas a nível local/nacional.

“Esse prêmio tem um significado bem especial porque além do reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente desse trabalho e dessas construções, os trabalhos que foram premiados também vão ser cadastrados na Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD)”, explica Riva Almeida, coordenadora local do Centro Sabiá no sertão pernambucano, que participou da cerimônia de entrega do prêmio. “Foram diversas experiências nesse campo, com diversos formatos e metodologias. Foi o semiárido inteiro. Aqui de Pernambuco alguns parceiros foram premiados também”, celebrou.

Mais do que projetos que dão certo, a premiação aponta para a valorização e resiliência dos saberes dos povos do semiárido, muitos deles resgatados do esquecimento através da agroecologia, da economia solidária. Com os projetos Terra de Vidas: SAFs na recuperação da Caatinga; Mulheres da Caatinga; e Quintais Produtivos, Centro Sabiá, Casa da Mulher do Nordeste e Caatinga, respectivamente, colocam no centro do combate à desertificação a resistência das famílias agricultoras e o manejo sustentável para convivência com o semiárido.

“Isso dá uma visibilidade e eu acho que para os processos de construção da agroecologia, pra gente que defende a agroecologia enquanto estratégia importante de combate à desertificação, de adaptação às mudanças climáticas, e isso é de muita relevância”, destaca Riva.

No plano das políticas públicas, ela lembra que as articulações são os espaços de excelência para o fortalecimento do trabalho realizado por diversas organizações no semiárido. “[O prêmio] É uma contribuição e inclusive ajuda no processo de construção de políticas voltadas para esse campo”, defende Riva, “não só da construção política, mas também da pressão das organizações para que as políticas saiam do papel, sejam colocadas em prática. Quase todos os estados do nordeste estavam ali representados, diversos representantes de organizações governamentais e não governamentais”, conclui.

Não por acaso, a ASA é a articulação que reúne grande parte das organizações que desenvolvem trabalhos de proteção e recuperação de solos, das águas e modos de vida no semiárido brasileiro, assim como iniciativas de combate à desertificação e enfrentamento das mudanças climáticas. A ASA, que teve experiência no Rio Grande do Norte como ponto focal da sociedade civil no combate à desertificação, é um desses importantes espaços de articulação e incidência política”, diz a coordenadora.

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