Uma conjuntura atual do Semiárido
Brasileiro
Por Kátia Gonçalves - Comunicadora do CECOR
Coordenado por Rivaneide Almeida,
da Associação Plantas do Nordeste – APNE, o painel trouxe uma temática
complementar para o Encontro, titulado: “Uma conjuntura atual do Semiárido
Brasileiro”. Para debater sobre o assunto foi convidado a compor a mesa, Aroldo
Schistek, coordenador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada
(IRPAA).
No inicio das palavras Aroldo
criticou a desigualdade social que assola o Brasil. Foram citados alguns
exemplos que demonstram a concentração do poder para poucos e a dificuldade de
sobrevivência para muitos. “Dentre várias situações percebam que o salário de
um deputado no Brasil é maior do que o salário de um deputado no Japão, Canadá
e Alemanha. Enquanto uma pessoa compra uma Ferrari por R$2,1 milhões, a maioria
consegue pagar uma passagem de ônibus por R$2,80. Clauna Rezende, da Ideas
Tobloom(Ideias para Florescer) empresa de eventos, chega a cobrar R$500mil por
evento. Tudo isso mostra o quanto existem diferenças de poder entre as
classes”, pontuou. Além disso, Aroldo ressaltou o processo histórico e
evolutivo de convivência no semiárido.
Dando continuidade ao debate,
Antonio Barbosa – coordenador geral do Programa Uma Terra e Duas
Águas(P1+2) provocou uma reflexão da
seca como contexto político muito mais importante do que o fenômeno natural.
Segundo ele, a atual estiagem não tem o mesmo impacto negativo devido as
politicas públicas de convivência; tecnologias sociais e trabalho dos
movimentos e organizações.
“Em 1979, tivemos uma grande seca, mas não foi
notória como essa. Na época, na nossa região, morreram mais de um milhão de
pessoas em decorrência da seca. Mortes de crianças por dia eram cinco, de
acordo com um depoimento de uma senhora que mora no estado do Ceará. Hoje,
mesmo com essa seca, a realidade mudou devido às cisternas. Construir essa
caminhada é importante! Temos ajudado a construir outra história no semiárido.
O que a Asa tem feito é desconstruir uma imagem negativa e fortalecer a ideia
de que é possível sobreviver feliz no semiárido”, analisou Barbosa.
O coordenador concluiu sua
participação afirmando que as cisternas de plástico tem uma nova cara da
indústria da seca. Sobre a transposição do rio São Francisco, ele acredita que
uma cisterna ao lado de uma casa tem um impacto maior para o morador do
semiárido e custo muito menor.
Em seguida os participantes levantaram alguns
questionamentos sobre sustentabilidade, armazenagem de sementes, manejo, êxodo
rural e visibilidade das experiências
aplicadas por agricultores e agricultoras e crédito rural.
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