sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Educação que valoriza o saber local transforma realidade


Por Kátia Rejane - Comunicadora do Caatinga
Se os trabalhadores do campo são sujeitos de cultura, são sujeitos de libertação” Miguel Arroio.


Com essa motivação a escola de Baraúnas no município de São José do Egito, foi uma das experiências apresentadas no Encontro Estadual da ASA, a escola vem trabalhando desde 2002 a proposta de educação contextualizada para convivência com o semiárido.

A escola trabalha a partir da realidade dos/as alunos/as numa perspectiva da convivência com o semiárido a partir da cultura popular. Uma conquista do município é a inclusão da disciplina de Poesia popular nas escolas municipais de São José do Egito, o que permite que a partir da identidade cultural as crianças e jovens entendam o meio em que vivem de onde vem como se veem no mundo. “Eu aprendi a ler lendo cordéis, meu pai lia muito cordel e isso me estimulou na aprendizagem” diz a Professora Elaine, gestora da Escola de Baraúnas.


A Professora conta que os desafios para a continuidade da proposta de educação contextualizada para a convivência com o semiárido são grandes e destaca a ausência de formação especifica para educadores/as, a descontinuidade das equipes de educadores/as, pois por serem contratos temporários não permanecem na escola em momento de troca de governo municipal, por essas dificuldades a escola de Baraúnas resolveu investir em três estratégias mais especificas de resistência: O trabalho com a cultura popular, as aulas de poesias populares que fazem parte da grade de disciplinas do município é realizada na escola de Baraúnas de maneira mais intensa através do envolvimento de artistas locais e para além da poesia estão presentes danças típicas do território como xaxado, produção teatral a partir da literatura de cordel. 

Outra estratégia é a comunicação, a escola possui uma rádio escolar que funciona no horário do recreio onde são divulgadas para a comunidade escolar as produções dos estudantes e convidadas pessoas da comunidade para apresentações culturais, a produção de um boletim escolar que divulga as ações da escola. Outra forma de comunicar é através dos veículos que procuram a escola para sistematizar a experiência através de vídeos, banners, reportagens e boletins.

A estratégia das parcerias é fundamental segundo a gestora da escola a primeira parceira é a comunidade local através da associação comunitária e grupo de mulheres, além das organizações que compõem a ASA como Diaconia que contribui fortemente nas oficinas de xilogravura, cordéis, e temas mais relacionados ao meio ambiente e agroecologia e Serta que foi o grande incentivador na construção da historia da escola com a proposta de educação contextualizada.
A gestora destaca o amor que as famílias das comunidades que compõem a escola sentem pela mesma e a importância da valorização do saber dos/as agricultores/as, a satisfação em contribuir com a escola. “Eu não sabia que eu sabia ensinar” diz um agricultor quando convidado para dar aula na escola.









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