Pernambuco
foi representado por 1.200 margaridas
Por
Kátia Gonçalves – Comunicadora Popular do Cecor
Brasileiras de todas as raças, das águas,
florestas e dos campos deram as mãos e
seguiram rumo a Brasília em busca de desenvolvimento sustentável com
democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade. Este foi o tema da Marcha das Margaridas
2015, que trata de reivindicações históricas como agilidade na reforma agrária
e igualdade de direitos.
O maior movimento de mulheres da América
Latina reuniu cerca de 70 mil trabalhadoras rurais, extrativistas, indignas,
quilombolas, sindicalistas e representantes de Organizações Não Governamentais,
nos dias 11 e 12 de agosto de 2015, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em
Brasília/DF. De acordo com Cícera Nunes
da Cruz, membro do Conselho Fiscal do Cecor, o estado de Pernambuco foi
representado por 1.200 margaridas e cravos que saíram das suas comunidades
rurais e urbanas para fortalecer o movimento.
A abertura oficial contou com a participação
do ex - presidente, Luís Inácio Lula da Silva que, aplaudido por todas/os,
agradeceu a presença das margaridas e disse que várias políticas públicas
voltadas para as mulheres são frutos da marcha. “Nosso processo democrático não
será desmoronado. Vamos continuar construindo um Brasil democrático, justo,
igualitário. Participar desse marco histórico é fundamental para fortalecer
nossas ações e valorizar as mulheres das florestas, campos e das águas”, falou
Lula.
No último dia, as margaridas Brasileiras e representantes de
mais 15 países saíram em marcha do estádio Mané Garrincha rumo ao Congresso
Nacional com o propósito de fortalecer a garantia permanente a alimentos de
qualidade e em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades
essenciais; acesso à terra e valorização da agroecologia. As margaridas querem uma educação que não
discrimine as mulheres, o fim da violência sexista, o acesso à saúde, a ser ou
não ser mães, com segurança e respeito; autonomia econômica, trabalho, renda,
democracia e participação política.
Para a margarida Juraci Almeida de
Arapiraca/Alagoas, a marcha representa esperança e união entre as mulheres que
acreditam num mundo melhor, na luta por direitos. “Quanto mais nos unirmos,
mais resultados iremos alcançar. Essa causa por direitos é nossa, homens e
mulheres. Precisamos acabar com o índice de violência contra a mulher. E é aqui
que recarregamos nossas baterias e voltamos para nossas comunidades abastecidas
de conhecimentos e esperança”, disse Juraci.
Ao participar da cerimônia de encerramento da
Marcha, no Estádio Mané Garrincha, a presidente Dilma Rousseff afirmou que fará
todos os esforços necessários para cumprir as ações que garantam o
fortalecimento da capacidade produtiva e autonomia das mulheres. “Até o final do meu mandato, me comprometo
em construir 100 mil cisternas de captação de água da chuva para o incentivo à
produção de alimentos, garantindo água para produção e implantação de quintais
produtivos por meio dos programas existentes. Queremos ver as margaridas com
seus quintais cheios de alimentos para a família, com hortas, animais e plantas
medicinais”, prometeu à presidenta.
Ainda em
discurso, Dilma Rousseff garantiu lançar uma
mobilização nacional para intensificar as ações de atenção integral à saúde da
mulher. A saúde da mulher do campo passará a fazer parte do calendário oficial
do Sistema Único de Saúde (SUS). Outro compromisso foi aprimorar as condições
para o tratamento de intoxicações agudas por agrotóxicos ou picadas de animais
peçonhentos ”, garantiu Dilma.
A escolha do nome Marcha das Margaridas e da
data é uma homenagem à Margarida Maria Alves, presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Ela foi assassinada em 12 de
agosto de 1983, a mando de latifundiários da região. Por mais de dez anos à
frente do sindicato, Margarida lutou pelo fim da violência no campo, por
direitos trabalhistas como respeito aos horários de trabalho, carteira
assinada, 13º salário, férias remuneradas. Margarida dizia que "É melhor
morrer na luta do que morrer de fome".
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