segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Em Pernambuco, experiências de convivência com o Semiárido são visitadas pelo BNDES

Por Mariana Landim – Comunicadora da ONG Chapada

“Estou muito animada com a chegada da cisterna-calçadão na minha propriedade, pois a gente já plantava um pouco de tudo, mas agora só estamos esperando a chuva chegar para ampliar a produção”. É com este sentimento, que a agricultora Maria das Dores, mais conhecida como “Dorinha”, recebeu uma comitiva de cinco pessoas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), acompanhadas de representantes da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e do Centro de Habilitação e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe (Chapada).

A visita aconteceu na última sexta-feira (14), no Assentamento Santa Marta, município de Lagoa Grande, Sertão do São Francisco do estado. Além da família de Dorinha, foram visitadas outras famílias beneficiadas por tecnologias sociais da ASA, através da parceria com o BNDES, e construídas pelo Chapada, uma das organizações responsáveis pela execução do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) na região. De acordo com o diretor da área social do BNDES, Guilherme Lacerda, o objetivo da comitiva era de cair em campo e ver de perto a realidade das famílias sertanejas. “Nós precisamos conhecer diretamente esse programa, já que foi uma decisão da presidência da república, que o BNDES apoiaria na implementação dessas tecnologias para atender às famílias nordestinas”, explica.

Na propriedade de Dorinha, o grupo viu a cisterna-calçadão, observou a variedade de hortaliças e frutíferas, assim como pôde conhecer as estratégias utilizadas pela família na propriedade, como forma de enfrentar o período de estiagem e garantir uma alimentação saudável o ano inteiro. “Constatamos que as tecnologias são importantes para as famílias rurais e que os/as agricultores/as são os sujeitos no caminho da convivência com o Semiárido e disseminam conhecimentos capazes de transformar suas realidades, como as práticas de estocagem de água, alimentos, sementes e conservação dos solos”, resume o coordenador de programas do Chapada, Edésio Medeiros. 

O grupo também foi até a propriedade de dona Aparecida e seu Edmundo. Lá, foi possível ver os canteiros e a criação de animais da família, que aposta no fortalecimento da experiência desenvolvida, a partir das possibilidades encontradas, após a construção da cisterna-enxurrada. “Isso significa que a ação da ASA-PE, através das suas organizações, tem mostrado resultados concretos no aspecto da melhoria da qualidade de vida das famílias do Semiárido pernambucano. Sem dúvida, avaliamos a importância de fortalecer essa parceria com o BNDES”, acredita o coordenador executivo da ASA pelo estado de Pernambuco, Manoel dos Anjos. 

Antes do encerramento da visita, a comitiva teve a oportunidade de conversar com dois agricultores contemplados com barreiros-trincheira e entender os diferenciais entre as tecnologias hídricas. “O que pudemos observar é que a parceria com a ASA é de extrema importância, pois vimos que as famílias mesmo em condições climáticas adversas conseguem conviver com dignidade e dinamismo em suas propriedades. Então o nosso desejo é de continuar apoiando esse programa e buscar meios de ampliar essa parceria”, complementa Guilherme.

Para o coordenador executivo da ASA pelo estado da Bahia, Naidison Baptista, a visita revela o potencial das famílias e a ação transformadora da ASA em vários aspectos. “É preciso entender as várias dimensões do processo de convivência que é desenvolvido nas comunidades. Uma delas é a transparência com que a ASA realiza suas ações, por meio dos registros que são feitos, mas, sobretudo, na maneira como acolhemos o financiador. Nesse sentido, achamos importante que o BNDES tenha conversado com as famílias e compreendido a forma como todo esse processo acontece. Por outro lado, gostaríamos de parabenizar o Chapada pelo trabalho desenvolvido na região e também pela qualidade das tecnologias construídas nas propriedades”, finaliza.

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