quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Outro sindicalismo é possível

Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Agreste pernambucano realizam intercâmbio de experiências no Polo Sindical da Borborema 

Por Carlos Magno, com colaboração de Nathália D’Emery (Centro Sabiá)

Entre os dias 25 e 27 de setembro, aproximadamente 30 lideranças dos Sindicatos dos/as Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais dos municípios de Vertentes, Sairé, Passira, Santa Maria do Cambucá, Cumaru, São Caetano, Salgadinho, Vertente do Lério e Altinho participaram de um intercâmbio de experiências no Polo Sindical da Borborema, no estado da Paraíba. A visita ao Polo foi uma experiência importante, mas também desafiadora, pois apresentou outra forma de fazer sindicalismo, pautada na agroecologia, na valorização do conhecimento das famílias agricultoras e no retorno às bases, para um diálogo franco a partir das necessidades dos trabalhadores e trabalhadoras.

O intercâmbio foi dividido em dois momentos. A primeira parte foi voltada para conhecer a história e a organização do sindicato de Remígio, um dos primeiros da região. Já o segundo momento foi uma conversa com o Polo Sindical da Borborema junto com os Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) de Remígio, Lagoa Seca, Massaranduba e a AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia. As lideranças sindicais do Agreste pernambucano ficaram impressionadas como um Polo Sindical consegue ter um papel tão importante para a agricultura familiar no território, ficando animadas para voltar e conseguir fazer algo também em seus sindicatos. “Saímos com o compromisso de implementar uma outra linha de trabalho nos sindicatos, mas é preciso iniciarmos com um diagnóstico como já fizeram aqui. É importante conhecer a realidade para poder transformá-la”, comenta Carlos André, líder sindical do município de Cumaru.

Outro elemento que chamou atenção foi o papel da assessoria da AS-PTA no processo de desenvolvimento do Polo, que hoje tem 20 anos e que no começo contava com apenas três sindicatos. Para Roselita Vítor, dirigente sindical do Polo da Borborema, é importante perceber como este processo foi construído e como aos poucos os próprios sindicatos assumiram seu papel. “A AS-PTA tem uma compreensão de que o projeto político da agricultura familiar e da agroecologia é do Polo e não dela. Ela tem outro papel, de fomentar e mobilizar o conhecimento, de criar  conosco as melhores ferramentas metodológicas para o trabalho, para os diagnósticos que fazemos, entre outras coisas”. Roselita Vítor coloca a responsabilidade do processo de mudança para os sindicatos, que são os representantes dos agricultores/as e, para encerrar, ainda cita o trecho de uma música “meu amigo, meu compadre, meu irmão, escreva sua história com as suas próprias mãos”, finaliza Roselita. 

O Polo Sindical da Borborema tem utilizado uma estratégia de trabalhar por temas e com uma comissão voltada para cada temática, como, por exemplo, Recursos Hídricos, Agrobiodiversidade, Criação Animal, Saúde e Alimentação, Cultivos Ecológicos e Comercialização. Segundo integrantes do Polo, este formato tem conseguido aprofundar mais as questões e as comissões são formadas por agricultores/as e técnicos/as.  Ao final do intercâmbio, as lideranças dos STTRs do Agreste pernambucano saíram com encaminhamentos concretos para que o processo de formação não fosse interrompido, entre eles: levantamento das necessidades de sementes criolas de milho, feijão e fava para dar suporte aos bancos comunitários, buscando estas sementes junto aos bancos da Paraíba; iniciar um processo de formação contínua envolvendo o Polo Sindical da Borborema; fazer um seminário no Agreste pernambucano para discutir a ação sindical com a participação do Polo, além de trabalhar a participação de alguns sindicatos em eventos de formação na Paraíba. 

Também como desdobramento do intercâmbio de experiências, o Centro Sabiá fará uma conversa com a AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia para entender como foi o processo inicial com os STTRs. A ideia é dar suporte à construção de diagnósticos no Agreste, entendendo às demandas dos sindicatos da região pernambucana.

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