Carrossel do Semiárido Sustentável
Por Emanuela Castro - Assessora de
Comunicação da Casa da Mulher do Nordeste
Para que Dona Maria Viana, do município de Ouricuri, possa economizar a
água no canteiro de sua propriedade, ela utiliza da lona plástica como um forro
que retém a água para o período da seca. É assim que a agricultora garante
verduras para o ano inteiro e uma alimentação mais saudável para sua família.
Essa foi uma das experiências apresentadas no primeiro dia do Encontro Estadual
da ASA-PE.
Além da temática da Soberania e Segurança Alimentar, mais cinco
temáticas foram apresentadas, como: o acesso a mercados e economia popular e
solidária, educação contextualizada, a contribuição das mulheres na convivência
com o semiárido, Políticas de ATER e combate à Desertificação e Mudanças
Climáticas.
Para Sebastião Alves, vice-presidente do SERTA, que apresentou a experiência
“Educação contextualizada”, a educação profissional do campo busca colocar em
prática o que se aprendeu na escola, e tem como objetivo transformar o
território. “O que o SERTA faz é construir tecnologias complementares que
possam conviver com o Semiárido, na troca com os agricultores/as e com os
jovens, respeitando a cultura de cada localidade.”, completou. Durante a
apresentação, também trouxe como reflexão o papel da cidade nesta convivência,
com a construção de agriculturas urbanas, varandas e coberturas produtivas,
árvores frutíferas nas praças, entre outras alternativas agroecológicas.
Uma outra experiência interessante desta tarde foi a contribuição da
mulher na convivência com o Semiárido, que teve como destaque o papel da
população feminina nos espaços de poder, como as comissões estaduais e
municipais, em espaços de controle social como os conselhos, de proposições
como as audiências públicas, entre outros. Segundo Tatiana Faustino, técnica
educadora da Casa da Mulher do Nordeste, é preciso uma assessoria de
fortalecimento e escuta contínua com as mulheres, que busque a ocupação desses
espaços de poder. O debate dos grupos levantaram alguns desafios, como a
dificuldade de pautar as questões de gênero nesses espaços.
No grupo que discutiu sobre a Política de ATER, se propôs como desafio
uma ATER universalizada. “Precisamos ampliar o conceito de ATER. Uma política
de transformação e produção de conhecimento a partir de agricultores e
agricultoras.”, disse Geovanne Xenofonte, da Caatinga. Durante a
apresentação, o agricultor Vilmar Luiz Lermen, de Exu, destacou a construção de
conhecimento que é produzida pelos agricultores/as, e a importância de
sistematizar essas experiências. “Acredito na transformação das comunidades.
Nós precisamos acreditar mais em nós”, falou.
Na prevenção a desertificação, o produtor Luiz Vitorino, do Assentamento
Barra Nova, de Serra Talhada, apresentou a experiência de manejo florestal
sustentável, que tem o apoio da Associação Plantas do Nordeste. Em sua fala,
destacou as vantagens econômicas, legais e sociais atribuídas à atividade,
entre elas estão a geração de renda, a produção legalizada e sustentável da
madeira e o fortalecimento da organização comunitária local. Os
participantes tiveram a oportunidade de conhecer uma alternativa viável para a
prevenção da desertificação do Semiárido que vem sendo ocasionada pelo
desmatamento e práticas como: o sobrepastoreiro, queimadas e irrigação do solo.
“Os vizinhos não fazem mais queimadas, nem botam fogo na macambira. Eles também
não cortam mais as árvores, como a aroeira e baraúna.”, contou.
Para completar o ciclo de experiências, Poliana Rodrigues, cooperada da
Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar Orgânica e
Agroecológica, e também técnica agrícola da ADESSU de Baixa Verde, apresentou a
experiência da (COOPCAFA), com a temática de Acesso ao Mercado e Economia
Popular Solidária. Entre os produtos que a cooperativa comercializa estão a
cana de açúcar, que produz rapadura de vários tamanhos, produção de mel, açúcar
mascavo, batida, como também o beneficiamento de frutas. Para escoar a
produção, acessam o PNAE e o PAA, como também possuem uma loja de vendas dos
produtos. “A economia solidária é uma forma que ajuda os próprios cooperados, a
produção vem direto dos sítios de agricultores/as, e a cooperativa compra a
produção deles/as e não mais pelos atravessadores. Além de termos nosso próprio
espaço, e com a renda revertida para os agricultores/as”, relatou Poliana. Hoje
a cooperativa é formada por 54 cooperadores/as, e 40% são mulheres.
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