quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Carrosséis de experiências promovem troca de conhecimentos entre os participantes do Encontro Estadual

por Higor Gonçalves – Comunicador popular da ASA

O Encontro Estadual da Articulação no Semiárido pernambucano (ASA-PE) retomou as atividades na tarde deste segundo dia (10/10) expondo em plenária os relatos das experiências apresentadas nos dois carrosséis de experiências, que aconteceu durante a parte da manhã – quando os participantes tiveram aproximadamente meia hora para conhecerem cada vivência. Na oportunidade, foram apresentadas temáticas de sementes e segurança alimentar; agroecologia; juventudes e educação no campo; política de Ater; comercialização agroecológica e economia solidária; bem como financiamentos, créditos e fundos solidários.

Os agricultores e agricultoras sistematizaram suas experiências apontando acúmulos, avanços, desafios e perspectivas. Na experiência de soberania e segurança alimentar, o agricultor Vilmar Lermen, do município de Exu, no Sertão do Araripe, compartilhou o uso e conservação das sementes no âmbito da segurança alimentar, de sua própria família. “A geração de renda, o conhecimento das políticas públicas e a produção em consonância com o meio ambiente foi, sem dúvida, um dos grandes avanços que tivemos”, considerou.

Já Dona Socorro, da cidade de Parnamirim, apresentou sua experiência sobre Financiamentos, Créditos e Fundos Solidários. Em 2002, a proposta surgiu a partir de carteira espelhada na metodologia do Fundo de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Fundaf). “Nosso maior desafio, hoje, é nos prepararmos para fazer a gestão do recurso", apontou.

Do município de Triunfo, a agricultora Silvolúsia trouxe sua experiência em Comercialização Agroecológica e Economia Solidária na Feira Agroecológica de Serra Talhada. "O pessoal fala que a seca é um problema, mas na verdade a seca é um desafio, porque seca tem sempre. Nossa expectativa é aumentar justamente a quantidade de famílias na feira”, disse.

Abrindo a segunda rodada de apresentação das experiências em plenária, Tatiane Faustino, agricultora de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, contribuiu com a vivência “Mulheres do Pajeú e seus Quintais Produtivos”.  Em sua explanação, a agricultora, que também integra a Casa da Mulher do Nordeste, apresentou a proposta dos quintais produtivos dentro de uma perspectiva de gênero: “o enfrentamento ao patriarcado e à divisão sexual do trabalho, onde as mulheres têm pouca ou quase nenhuma autonomia, ainda é um dos nossos maiores desafios”, disse. “A mulher continua subestimando seu trabalho, se colocando como mera ‘ajudante’ do companheiro, quando a sua jornada é maior, inclusive, que a do homem”, completou.

Trazendo o tema Educação no Campo e Juventude, Dona Quitéria, da cidade de Jucati, pontuou os avanços, sobretudo, na questão da educação continuada. “Foram criados novos vestibulares com habilitação em educação do campo”, disse a agricultora. “A AESA (Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde) tem ampliado o tema, realizando oficinas e debates sobre educação do campo para os alunos e professores”, continuou.  Segundo Dona Quitéria, o maior desafio é que a educação do campo garanta a permanência dos alunos em seus municípios.

De modo surpreendente, a experiência “Comunicação e Sistematização de Experiências” apresentou seus tópicos, de modo criativo, através de uma “rádio ao vivo”. Interagindo com os participantes do encontro, os apresentadores Roseana e Edmilson convidaram os jovens comunicadores que compartilham suas experiências por meio do veículo de comunicação rádio. “Nosso grande desafio é garantir a manutenção desses jovens no meio rural”, disseram.


Política de Ater foi o tema que finalizou a segunda rodada de apresentação das experiências em plenária. Dona Cícera, de Serra Talhada, considera que o resgate das tradições e a inserção dos jovens agricultores nos espaços políticos foram os principais avanços. “Já o maior desafio é contar com o apoio governamental e a conscientização das famílias”, pontuou. “Nossa maior expectativa é garantir a continuidade da Política de Ater e o aumento da participação dos jovens nos espaços políticos”, afirmou Dona Cícera.


Os carrosséis de experiências têm a proposta de levar aos participantes novas vivências, facilitando o diálogo entre eles e os próprios protagonistas das histórias. A plenária é o momento onde os agricultores e agricultoras colocam suas impressões sobre os carrosséis. Nesta edição do Encontro Estadual da Articulação no Semiárido pernambucano (ASA-PE), as temáticas dos carrosséis de experiências seguiram o mote central do encontro: “Trajetórias de lutas e resistências para a efetivação da cidadania no Semiárido Pernambucano”.

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