segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cáritas Diocesana de Pesqueira promove 19° Grito dos Excluídos

Por Risaldo Gomes - Articulador da Cáritas Diocesana de Pesqueira

A noite da quinta-feira (05 de setembro de 2013) na cidade de Pesqueira prometia ser diferente. O povo estava agitado. Toiotas traziam os trabalhadores sem terra. Estudantes da comunidade rural de Santa Terezinha, mais conhecida popularmente como Mutuca, desciam dos carros animados. No meio do povo estavam os padres, os religiosos, as freiras, leigos e leigas, agricultores e agricultoras, comunidade quilombola, gente simples, gente do povo, gente anônima, cerca de 200 pessoas. Todos contagiados pela celebração do19° Grito dos Excluídos, organizado pela da Cáritas Diocesana. A concentrou aconteceu em frente a Escola Estadual Professor Arruada Marinho e a multidão foi recepcionada pela banda marcial.  

A programação teve início com a mensagem do bispo diocesano, Dom José Luís Ferreira Salles, lida pelo jovem da Pastoral Nossa Senhora do Carmo, Filipe Oliveira. Na leitura, o bispo saudou a todos e principalmente a Cáritas diocesana, onde declarou: “que tanto se empenhou para realizar esta manifestação pacífica para dizer que também nós queremos políticas públicas que garantam condições de vida saudável e digna para nossos jovens. Esta é uma caminhada de solidariedade”. Em seguida, a multidão saiu em caminhada pelas principais ruas da cidade. No percurso, havia algumas paradas para momentos de reflexões com os participantes, pastorais e instituições.

A 1ª parada foi acolhida pelos franciscanos. A reflexão foi sobre saúde pública e o sistema penitenciário, que foi conduzida pelos leigos Evandro Emídio e Aparecida Maciel. “Até hoje, não vi nenhum homem de colarinho branco ser preso. A punição é somente para os pobres, os que não têm nada?”, questionou Aparecida. No final desse momento, a Juventude Franciscana (JUFRA) apresentou uma coreografia da Oração de São Francisco.

Coordenadora geral da Cáritas Diocesana de Pesqueira,
Neilda Pereira.
A caminho da 2ª parada, o público pode perceber o som da sirene da antiga fábrica Peixe. O sinal sonoro levou o público a refletir as histórias de centenas de operários e operárias que sacrificaram suas vidas naquele local. Ao chegar na estação, que foi no escritório da Cáritas Diocesana, a coordenadora geral e também coordenadora da ASA pelo estado de Pernambuco, Neilda Pereira, lembrou do papel dos jovens na geração atual. “Juventude que ousa lutar  constrói  um  projeto  popular.  Os jovens precisam  construir  um mundo que se opõe aos poderes de uma sociedade que escraviza e tira a dignidade do ser humano”, enfatizou. Ainda no momento, as funcionárias da Cáritas Ana Karine, Elisabete Joaquina e Ivoleda Albuquerque conduziram um momento de conversão e compromisso com a causa dos excluídos. No final, houve uma apresentação cultural do samba de coco, encenado pelos alunos da Escola Estadual Professor Arruda Marinho.  

Depois a multidão seguiu até a Praça Dom José Lopes acompanhada pela banda de música. Chegando lá, os participantes foram acolhidos pelos jovens José Luidson (Setor Juventude) e Giselle Cavalcanti (Cáritas Diocesana de Pesqueira) que proclamaram a leitura do Evangelho (Mateus 25, 31-46). Ainda o jovem José Márcio, representando a Pastoral da Sobriedade, falou da orientação do Evangelho por uma profunda e sincera conversão. “Só conseguimos mudar a sociedade quando mudamos nosso comportamento. A fraternidade tão sonhada só acontecerá quando nosso interior mudar. Aí sim acontecerão as mudanças esperadas na sociedade”, disse Márcio. No final, houve uma apresentação artística dos jovens da comunidade rural de Mutuca.

A culminância aconteceu em frente à Câmara dos Vereadores, quando a comunidade quilombola Negros do Osso entoava canções ao som do berimbau. Os vereadores interromperam a sessão para ouvir o povo. Na ocasião, o articulador da Cáritas Diocesana, Risaldo Gomes, informou aos legisladores o papel do Grito dos Excluídos. Ainda no local, a Paróquia Cristo Rei conduziu as preces pelos jovens, pelos desempregados e pelos que são discriminados e criminalizados por serem pobres. No final, a agricultora Maria de Fátima entregou uma pauta de reinvindicação ao presidente da Câmara, Tito Franca.

A 19º edição do Grito dos Excluído terminou com a bênção do padre Jailson José, representando o Setor da Juventude da Diocese de Pesqueira. Foi assim que encerrou a programação, cada homem e mulher de boa vontade renovando as esperanças na expectativa de mudanças concretas na vida dos jovens e na certeza que uma nova sociedade é possível quando o povo se mobiliza e derruba estruturas que exclui e escraviza.

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