quarta-feira, 10 de julho de 2013

Proposta do caráter produtivo é tema de oficina no Sertão do Pajeú

Por Kátia Gonçalves - Comunicadora do Cecor

Coordenadores e técnicos do Projeto Pernambuco Mais Produtivo, agricultores/as e equipe técnica da secretaria executiva de Agricultura Familiar (SEAF) de Pernambuco participaram da oficina “Construção do Caráter Produtivo do Projeto Pernambuco Mais Produtivo”, durante os dias 08 e 09 de julho, no auditório do Centro de Educação Comunitária Rural (Cecor), no município de Serra Talhada.

A oficina teve o objetivo de discutir a proposta, a partir da experiência do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA). Os participantes se integraram as dinâmicas do Projeto, através das explanações do secretario da SEAF; José Claúdio e dos coordenadores executivos da Articulação no Semiárido pernambucano (ASA-PE), Neilda Pereira e Manoel Barbosa.

“Esse período que estamos vivenciando é propício para trazer a temática da convivência com o semiárido e nesse sentido é que o governo do estado não vai incentivar projetos que, por exemplo, troque um animal que morreu por outro vivo sem ter nenhum dado que informe a real capacidade de suporte do município, para que um novo animal financiado ou subsidiado possa vim a morrer ou sofrer as mesmas consequências. A proposta é continuar trabalhando com os programas, como é o caso dos emergenciais, dentro de uma perspectiva a médio e longo prazo de estruturação”, assegurou o secretário.

José Claudio informou ainda que o governo vai deixar de herança para o futuro um Plano de Sustentabilidade, onde serão debatidos nas Conferências Municipal e Estadual, pontos estratégicos que assegurem a elaboração de um Plano de Convivência com o Semiárido para cada município. “A partir desse plano teremos a informação precisa de qual é a capacidade de suporte para as produções. A nossa meta é: do mesmo jeito que o governador Miguel Arraes colocou em cada casa do meio rural um bico de luz, o governador Eduardo Campos vai assegurar que cada família tenha um ponto de água em casa”, concluiu.

A oficina ainda contou com a participação da pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido), Luiza Teixeira Brito, quando debateu sobre a questão da água no Semiárido brasileiro à luz das tecnologias sociais para aumentar a sua oferta. Para ela, é importante que as pessoas se conscientizem sobre o volume de água disponível, na perspectiva da gestão do recurso, considerando as espécies que podem ser cultivadas.

“A Embrapa considera formidáveis as tecnológicas, porém é preciso ensinar as famílias como trabalhar o manejo da água de chuva, seja para o consumo humano ou produção. Não adianta pensar que uma cisterna com 52 mil litros de água é possível produzir duas tarefas de terra porque a água não é suficiente. Dizemos nos treinamentos que não estamos irrigando, estamos colocando uma água, gota a gota, para evitar que essas plantas morram e que tenham um potencial mínimo de produção nessas fruteiras”, destaca Luiza. 

Outro destaque da oficina foi à apresentação do coordenador do Projeto Pernambuco Mais Produtivo, Alexandre Santana. Na oportunidade, ele mostrou dados gerais da produtividade de animal, quintal e roçado no estado, assim como o índice de cada Região de Desenvolvimento (RD).  Além disso, o grupo assistiu ao vídeo: Vivendo Experiências, da ASA e, em seguida, apontou propostas de como deve ser desenvolvido o processo de discussão e implantação do caráter produtivo nas propriedades das famílias beneficiadas.

Para Neilda Pereira, a oficina foi oportuna para debater os sistemas produtivos que serão construídos com as famílias, a partir da construção das diversas tecnologias de convivência com o Semiárido. “Discutir o caráter produtivo através de pesquisas que a Embrapa vem realizando, da própria realidade das famílias através dos cadastros, quando elas apontam a produção que tem, é importante porque a gente faz uma ação dialogada com a realidade. Isso é o que diferencia de outros processos aonde os pacotes já vêm prontos”, enfatizou.

No segundo dia, o grupo visitou o Sítio Barra, no município de Calumbi, onde mora a família de João Lourenço Dunga, atendida pelo Projeto. A ideia era entender o caráter produtivo aplicado nos quintais que ocupam uma área de quase 600 metros de produção de coentro, cebola, alface, pimentão, abóbora e pimenta de cheiro.

No final da oficina, Manoel Barbosa, ressaltou que não se pode pensar num caráter produtivo universal, até porque as famílias que residem em outras localidades não vivem a mesma realidade do agricultor João. “O que precisamos entender é que as cisternas não vão sanar todos os problemas das famílias. Porém, temos que incentivar o agricultor a lidar com outras possibilidades”, afirma.

Agenda:


No dia 26 de julho, os membros das Comissões de Elaboração de Projetos do Caráter Produtivo do Projeto Pernambuco Mais Produtivo vão se reunir das 09h às 17h no auditório do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), situado no município de Arcoverde, para debaterem experiências adquiridas ao longo do tempo que alicercem bases para elaboração dos projetos. 

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