Por Kátia Rejane - Comunicadora do Caatinga
“Se os trabalhadores
do campo são sujeitos de cultura, são sujeitos de libertação” Miguel Arroio.
Com essa motivação a
escola de Baraúnas no município de São José do Egito, foi uma das experiências
apresentadas no Encontro Estadual da ASA, a escola vem trabalhando desde 2002 a
proposta de educação contextualizada para convivência com o semiárido.
A escola trabalha a
partir da realidade dos/as alunos/as numa perspectiva da convivência com o
semiárido a partir da cultura popular. Uma conquista do município é a inclusão
da disciplina de Poesia popular nas escolas municipais de São José do Egito, o
que permite que a partir da identidade cultural as crianças e jovens entendam o
meio em que vivem de onde vem como se veem no mundo. “Eu aprendi a ler lendo cordéis, meu
pai lia muito cordel e isso me estimulou na aprendizagem” diz a Professora
Elaine, gestora da Escola de Baraúnas.
A Professora conta que
os desafios para a continuidade da proposta de educação contextualizada para a
convivência com o semiárido são grandes e destaca a ausência de formação
especifica para educadores/as, a descontinuidade das equipes de educadores/as,
pois por serem contratos temporários não permanecem na escola em momento de
troca de governo municipal, por essas dificuldades a escola de Baraúnas
resolveu investir em três estratégias mais especificas de resistência: O trabalho
com a cultura popular, as aulas de poesias populares que fazem parte da grade
de disciplinas do município é realizada na escola de Baraúnas de maneira mais
intensa através do envolvimento de artistas locais e para além da poesia estão
presentes danças típicas do território como xaxado, produção teatral a partir da
literatura de cordel.
Outra estratégia é a
comunicação, a escola possui uma rádio escolar que funciona no horário do
recreio onde são divulgadas para a comunidade escolar as produções dos
estudantes e convidadas pessoas da comunidade para apresentações culturais, a
produção de um boletim escolar que divulga as ações da escola. Outra forma de
comunicar é através dos veículos que procuram a escola para sistematizar a
experiência através de vídeos, banners, reportagens e boletins.
A estratégia das
parcerias é fundamental segundo a gestora da escola a primeira parceira é a
comunidade local através da associação comunitária e grupo de mulheres, além
das organizações que compõem a ASA como Diaconia que contribui fortemente nas
oficinas de xilogravura, cordéis, e temas mais relacionados ao meio ambiente e
agroecologia e Serta que foi o grande incentivador na construção da historia da
escola com a proposta de educação contextualizada.
A gestora destaca o
amor que as famílias das comunidades que compõem a escola sentem pela mesma e a
importância da valorização do saber dos/as agricultores/as, a satisfação em
contribuir com a escola. “Eu não sabia que eu sabia ensinar” diz um agricultor
quando convidado para dar aula na escola.
Nenhum comentário:
Postar um comentário