* Carlos Henrique Silva é comunicador da Diaconia
* Clóvis Calado é comunicador da Fetape
Dentre os momentos de intercâmbio de experiências no Encontro Estadual da ASA Pernambuco, realizados na última quarta (05), um dos grupos participantes visitou a propriedade de Vilma e Tadeu Lino, família agricultora do Sítio Apolinário, município de Triunfo. O manejo e a conservação da Agrobiodiversidade foi o tema desta experiência, que comprovou a capacidade das sertanejas e sertanejos para a convivência e resistência, diante dos desafios do Semiárido.
Após uma breve conversa de apresentação, o grupo, formado por agricultoras/es, representantes de movimentos sindicais e técnicos/as das instituições, quis logo conhecer o sítio de dona Vilma, que ocupa cerca de 1 hectare de área. Em meio ao momento de estiagem, a agricultora cultiva árvores frutíferas apropriadas ao bioma da Caatinga, com os pés de banana, graviola, limão, laranja, caju e manga, dentre outras.
Com o material que se perdia, surgiu a ideia de aproveitar a palha das bananeiras para produzir artesanato. Com capacitações e conhecimento, o material foi aperfeiçoado e hoje dona Vilma fornece o material em forma de embalagens para o comércio e indústria locais. Junto com o reaproveitamento dos restos de madeira, o esposo Tadeu Lino também produz arte e a família gera renda a partir da riqueza de sua própria terra.
Uma área de criação de animais também está reservada para quando as condições melhorarem: “Aqui a gente criava porco, cabras, ovelhas, mas não deu pra continuar criando por causa da seca. Mas pretendemos voltar a criar”, afirmou dona Vilma, esperançosa.
A produção de grãos também é garantida a partir do armazenamento de sementes nativas e herdadas da família: “Nunca precisei pegar as sementes que são distribuídas pelo governo. A gente sempre separa o milho, feijão guandu e muitas outras, mesmo que a colheita seja pequena.”
O momento também serviu para compartilhar as incertezas das famílias quanto ao futuro incerto, de suspensão de programas voltados aos pequenos agricultores para aquisição de alimentos (PAA), alimentação escolar (PNAE), crédito (Pronaf) e habitação rural (PNHR). Uma das conclusões apresentadas foi a importância de manter a mobilização das comunidades e associações comunitárias, para que se retome a confiança e a representação nos espaços políticos.
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