Por Josiel Araújo - Comunicador do Polo Sindical
No primeiro dia, os visitantes foram até a Fazenda Angico Grande para conhecer a experiência de Seu Maurício e Dona Cristiana em produção agroecológica de hortaliças e frutíferas. A família também desenvolve a agrofloresta na sua propriedade. Na oportunidade, os/as agricultores/as puderam aprender sobre a melhor maneira de fazer podas nas plantas, incluindo as ferramentas necessárias e a esterilização das mesmas; a cobertura morta; produção e uso do biofertilizante (defensivos naturais); aproveitamento dos espaços; rotação de cultura; bancos de sementes; preservação das matas ciliares; controle natural de pragas, entre outras técnicas.
O grupo foi recebido na parte da tarde na casa de dona Nilma que mora no Assentamento Poldrinhos e serviu um delicioso almoço. Ela falou da sua luta e apresentou sua experiência com a produção orgânica no quintal de sua casa utilizando água de um poço. Dona Nilma enche garrafas peti, faz um furinho na tampa e deixa molhando a planta o dia todo; com isso, ela garante a molhação e faz economia de água. “Não podemos ficar parados só porque não tem chuva, temos que lutar; e vai ficar melhor, se Deus quiser, quando chover e encher a minha cisterna calçadão que está aqui na frente de casa, pois, vai facilitar muito”, conta dona Nilma.
No dia seguinte, logo cedo, o grupo de agricultores/as foi visitar a Feira Agroecológica de Serra Talhada, e, além de conhecer o trabalho dos produtores/as, puderam aproveitar para tomar um cafezinho num espaço criado com carinho pelos feirantes para na hora do descanso, “papearem”.
Já na sede da Fetape/Serra Talhada/PE, os participantes conversaram com Gildete, atual Coordenadora da feira agroecológica há 5 anos. A feira teve início em 2001 com o apoio das Entidades Cecor, Centro Sabiá, Adessu e o Sindicato de Santo Antonio da Baixa Verde. Após 06 anos de luta, conseguiram um local próprio para a feira e constituíram um Estatuto que organiza as entradas e saídas dos participantes e regulamenta as iniciativas e atividades organizadas e o Fundo Rotativo da Feira. Funciona aos sábados a partir das 5:00 horas da manhã. “A pesar das dificuldades que a feira tem, pois, trabalhar com pessoas não é fácil, a feira hoje está estruturada, tem uma boa relação com o poder público e os Sindicatos, têm um fundo rotativo para custear despesas e organizar as estruturas e realiza alguns eventos”, disse a coordenadora. Houve um momento para as dúvidas e perguntas que foram todas esclarecidas por Gildete.
O professor da Faculdade Federal de Serra Talhada, João Amorim, falou aos agricultores/as sobre a importância do associativismo e cooperativismo. Para ele o associativismo tem fortalecido cada vez mais a sociedade brasileira nos processos de luta e garantias dos direitos. “Quanto mais nos envolvemos, melhor compreendemos a questão da alimentação, da comercialização, industrialização, da agroecologia, dos rebanhos, daqueles que perdemos com a estiagem, dos que estão magros agora; esse movimento todo, eu acredito e aposto que ele tem mais força, quando ele é discutido na Associação”, enfatiza João Amorim. Para Sandro Rogério, “o que importa no associativismo é o comprometimento e a cumplicidade que se tem que ter dentro da comunidade na hora de se resolver os problemas”. O professor falou ainda da descentralização do poder do Presidente, que em vez de ditar ou decidir, deve construir coletivamente os encaminhamentos e as reivindicações da comunidade. Houve interação e discussão do assunto pelos agricultores, inclusive a manifestação de uma das agricultoras presentes que disse que irá se associar ao sindicato local.
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