segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Agricultoras de Pernambuco regressam para o estado com missão de implementar bandeiras de lutas a favor das mulheres

Por Kátia Gonçalves


Partilha, união, renovação, amor, sabedoria, autonomia, experiência, conhecimento, troca de saberes e soberania. Foram esses os desejos apontados pelas 120 agricultoras dos 10 estados que compõem a Articulação no Semiárido Brasileiro, durante o I Encontro de Agricultoras Experimentadoras com o lema ‘Celebrando Conquistas na Trajetória da ASA’, que aconteceu nos dias 23 e 24 de setembro em Lagoa Seca, na Paraíba.

As nove mulheres que representaram Pernambuco saíram do evento com a missão de lutar, em parceria com as Instituições do estado, em favor de um Semiárido menos machista e mais democrático. Reunidas, elas definiram o compromisso que o estado se comprometerá em trabalhar: Acesso à terra; Assessoria técnica de qualidade para as mulheres; Combate à violência contra a Mulher;  Autonomia política e econômica das mulheres; Implementação e fortalecimento de bancos de sementes e Organização da rede de mulheres agricultoras experimentadoras do Estado.  

De acordo com a coordenadora da Casa da Mulher do Nordeste, Célia Sousa, o momento foi de celebração dos 15 anos da ASA, como também de reflexão.  “O evento demostrou a preocupação que a ASA está em valorizar as experiências e os trabalhos das agricultoras, oportunizando um encontro de discursão política e construção de novas ideias que fortaleçam as agricultoras experimentadoras do Semiárido”, concluiu Célia.

O momento ímpar na trajetória política e sócio cultural das mulheres do Semiárido teve como principio valorizar e dar visibilidade ao conhecimento e as capacidades das mulheres agricultoras e suas formas de inserção na organização do trabalho da agricultura familiar, além de construir coletivamente caminhos para superação das situações de desigualdade.

A representante das mulheres indígenas do estado, Roseane Gomes de Siqueira, da tribo Kapinawá do município de Buíque, assume que é difícil vencer o preconceito por ser mulher e, acima de tudo, índia. “Ainda existem vários preconceitos com as mulheres indígenas. Mas a gente vem aos poucos mudando esse cenário nos povos indígenas através das discursões políticas nas bases sindicalistas, nos movimentos sociais e nos projetos da ASA”, declarou Roseane.

No segundo dia as agricultoras saíram em caravana rumo aos municípios de Olivedos, Cubati, Massaranduba, Queimadas e Boqueirão com objetivo de conhecerem novas experiências em áreas de manejo de água, criação animal, sementes, diversificação produtiva nos quintais e acesso a mercados.  


Mulheres que representaram Pernambuco:

Agreste:Roseane Gomes de Siqueira - representado as indígenas do estado.
           Santina Tereza Oliveira de Carvalho
           Adriana Paulino Ferreira Lima
           Ivoneide José dos Santos Silva 
Sertão:Maria José de Souza Silva - representando as mulheres quilombolas 
           Vânia Maria Rocha dos Santos
           Severina Simões da Costa - representado as jovens 
Técnicas: Célia Souza Coordenadora da Casa da Mulher do Nordeste
              Kátia Gonçalves - Comunicadora Popular do Cecor  

No final do evento foi apresentada a carta escrita por todas as 120 agricultoras:

Nós, cerca de 100 mulheres agricultoras experimentadoras vinda dos dez estados nordestinos e de Minas Gerais, reunidas no I Encontro Nacional de Agricultoras Experimentadoras – Celebrando Conquistas na Trajetória da ASA,  propomos como compromissos para o conjunto da Articulação no Semiárido Brasileiro:

Construção e fortalecimento das Redes  de Agricultoras Experimentadoras nos Estados;
Sistematização prioritária de experiências protagonizadas por mulheres;
Fortalecimentos da auto-organização das mulheres e a luta contra o machismo no Semiárido Brasileiro;
Garantir a continuidade de Encontros Estaduais e Nacional de Agricultoras Experimentadoras e intercâmbio entre as mulheres agricultoras;
Promover a participação igualitária entre homens e mulheres nas comissões municipais;
Ampliar o processo de experimentação e formação;
Ampliar o debate sobre a violência contra a mulher;
Ampliar o debate de gênero em espaços específicos das mulheres e em espaços compostos por homens e mulheres;
Garantir a participação de mulheres jovens em espaço de formação e mobilização;
Fortalecer o debate sobre o impacto das políticas  na vida das mulheres (Bolsa Família, PAA, PNAE)
Aprofundar o debate sobre agroecologia  e acesso à terra a partir das perspectivas das mulheres;
O fortalecimento dos bancos e  casas de sementes comunitárias;
Assessoria técnica que visibilize e valorize  o papel das mulheres agricultoras.

ASA 15 Anos: Ampliando a resistência e fortalecendo a convivência.
“É no Semiárido que a vida pulsa/É no Semiárido que as mulheres resistem”.

                              Pela Vida das Mulheres! Pela Agroecologia!

Núcleo de Comunicação do Cecor
Kátia Gonçalves(87)9951 5362
Juliana Lima(87)9962 1987

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