Por Núcleo de Comunicação da ASA-PE, Marcelo Muniz e Mariana Landim
A agricultora Valquíria fala como a agoecologia contribuiu para a autonomia
financeira conquistada pelas mulheres.Foto: Genilson Reis - do NEPS |
Na tarde da última terça-feira (29/04), os olhos dos participantes do Encontro Estadual da Articulação no Semiárido Pernambucano (ASA-PE) estavam atentos ao debate em torno das políticas públicas voltadas para agroecologia. O encontro acontece no município de Glória do Goitá, Zona da Mata do estado e reúne agricultores/as familiares, jovens, representantes das organizações que compõem a ASA-PE, governo e universidades. Na ocasião, foi formada uma mesa com a representante do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR-NE), Valquíria Santos; Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Alexandre Pires; Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Cássio Trovato, além do secretário executivo da Agricultura Familiar (SEAF), José Cláudio.
Valquíria abriu os trabalhos da tarde destacando o processo de organização social e desenvolvimento vivenciado pela comunidade que ela faz parte. “Familiares começaram a falecer por causa do uso de agrotóxicos e, assim, a comunidade despertou para uma mudança estruturante e coletiva, a partir da agricultura familiar orgânica”, afirma. Ainda na sua fala, a representante do Movimento de Mulheres colocou que o êxodo rural é um fator alarmante, e por isso, 23 famílias da comunidade se reúnem quinzenalmente para discutir os processos de agroecologia, a dinâmica e as fragilidades do grupo. Para Valquíria, a autonomia financeira foi conquistada pelas mulheres, a partir das feiras agroecológicas.
Para CássioTrovato é preciso desburocratizar
e rever os critérios do
Pronaf Agroecologia. Foto: Genilson Reis - Comunicador
do NEPS
|
Segundo Cássio, a Política Nacional de Agroecologia (Planapo) surgiu das lutas do movimento agroecológico, agricultores/as familiares e segmentos que sempre foram resistentes ao processo de desenvolvimento que na maioria das vezes é excludente. “Com o lançamento do Plano Nacional de Agroecologia no ano passado, a perspectiva é que já se consiga desencadear ações de fortalecimento da agricultura familiar”, explica. Sobre o Pronaf Agroecologia, o representante do MDA diz que é preciso dar uma cara nova ao programa, no sentido de desburocratizar e rever os critérios. Ele ainda afirma que a agroecologia não pensa só no processo produtivo, mas no processo de organização e estruturação social.
Para Alexandre, a produção de alimentos no país está voltada para exportação e menos para o consumo. Ele acredita que isso está relacionado às contradições que permeiam os hábitos alimentares dos/as brasileiros/as. “Estudos apontam que daqui a 36 anos, haverá um aumento de 70% da demanda por alimentos no Brasil. Este é um dado preocupante e que reflete a necessidade urgente de se discutir políticas e alternativas para mudar o rumo desta história”, garante. O representante da ANA ainda contextualiza os avanços e retrocessos das políticas nacionais dos últimos anos.
A última participação da mesa que debateu as políticas públicas voltadas para agroecologia, ficou por conta de José Cláudio. Na oportunidade, ele falou sobre os projetos de melhoria de infraestrutura hídrica nas regiões do Agreste e Sertão e como o caráter produtivo tem potencializado o trabalho das famílias agricultoras no Semiárido pernambucano.
No encerramento do primeiro dia do Encontro Estadual da ASA-PE, foi feito um debate em plenária sobre as questões discutidas na mesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário